A
Amazônia, o afamado bioma de muitos superlativos, dispõe-se a apresentar infinitas
surpresas para quem as procura.
Durante
o tempo que residi e trabalhei na Amazônia tive a oportunidade de conhecer
algumas cidades, povoados e diferentes trechos de vários rios, e em cada fração
dessas localidades pude observar peculiaridades de microclimas, solos, rios,
pescarias, vegetação e histórico de ocupação e cultura humana.
Em
relação às orquídeas também é notório o quanto cada paragem encerra uma
particular ocorrência, riqueza[1]
e abundância[2] de
espécies.
[1]
Riqueza de espécies: número de espécies diferentes por unidade de área, que
pode ser uma árvore, cidade ou país.
[2]
Abundância das espécies: relaciona-se à quantidade de indivíduos de uma dada
espécie por unidade de área.
Morei
por um ano em Monte Dourado, no norte do Estado do Pará, na beira do Rio Jari
que divide os estados do Pará e Amapá (Fig.
1). Uma cidade pequena, com menos de 3000 habitantes, e que tem sua
economia girando em torno de algumas poucas e grandes empresas instaladas na
região, além do extrativismo de produtos florestais e do pequeno comércio
interno.
Figura 1. Localização da cidade de Monte
Dourado/PA.
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Um
dos meus passatempos nos finais de semana era caminhar e fotografar as
orquídeas que com o tempo fui mapeando na memória. Registrei brotações e
florescimentos, colhi sementes e procurei variedades.
Nos
galhos de árvores antigas de Pinus
caribea em pleno centro da cidade foi onde observei a maior abundância de Rodriguezia lanceolata que eu encontrei
nos meus decursos na região (Fig. 2),
fora esse local encontrei indivíduos dispersos.
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As
muitas touceiras nesses pinheiros proporcionam um espetacular contraste na
época da floração (Fig. 3). As
cápsulas de sementes formando-se nos cachos e a falta de interesse das pessoas
em coletar essas que consideram “parasitas” deixa uma perspectiva de que este
cenário seja duradouro.
Figura 3. Diferentes posições nas copas
dos pinheiros representando a abundante floração de Rodriguezia lanceolata.
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Em
outras espécies de árvores, em especial a mangueira (Mangifera indica) e o flamboyant (Delonix regia), ocorriam outras espécies de orquídeas epífitas,
tais como o Epidendrum strobiliferum,
Anacheilium aemulum, Scaphyglottis sp., Epidendrum nocturnum, Dimenandra
emarginata e Notylia sp. (figuras 5, 6, 7 e 8).
Figura 4. Catasetum sp., Epidendrum sp., Rodriguezia bracteata e Campylocentrum
sp. ocorrendo em galhos de Pinus
caribea.
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Figura
5. Epidendrum strobiliferum, Scaphyglottis
sp., Anacheilium aemulum em um mesmo
galho de mangueira.
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Figura
6. Dimenandra emarginata, Anacheilium
aemulum e Scaphyglottis sp.
ocorrendo em um flamboyant.
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Figura
7. Notylia sp.
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Figura
8. Flor e seedlings de Epidendrum nocturnum.
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Este é um dos primeiros relatos sobre orquídeas na região do Vale do Jari que já existiu.
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