quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Algumas orquídeas da Ilha da Marambaia - RJ (parte 2 de 2).

Vamos falar um pouco das orquídeas agora.
Confesso que boa parte da minha ansiedade antes de ir para Ilha era conhecer a Restinga da Marambaia, pois falar em restinga, ao menos no Sudeste do Brasil, estamos falando em um dos habitats da Cattleya guttata e de muitas outras espécies de orquídeas.
Segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) "entende-se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Estas comunidades, distribuídas em mosaico, ocorrem em áreas de grande diversidade ecológica ..."
Como mencionado na primeira parte sobre a Ilha da Marambaia, a parte da Restinga é de acesso a um pessoal mais restrito, e de risco à própria segurança se ir sem aviso, além de muito complicado chegar lá, então não pude ir conhecer.
Mas as caminhadas em outras bandas foram boas, percorremos belas praias indo ao local de treinamento de alpinismo e belas matas no caminho do cume do Pico da Marambaia.
Abaixo um exemplar das muitas Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl.: 237 (1833) encontradas no caminho, espécie terrestre, houve gente muito interessada em suas propriedades medicinais diga-se de passagem, propriedades estas censuradas neste blog (risos). Inclusive este blogueiro já soube de episódios verídicos em que fez-se necessário intervenções médico-cirúrgicas após o uso do chá mais concentrado desta planta. Melhor nem comentar o resto...


As Oeceoclades eram comuns em diversas formações vegetais da Ilha, de algo como uma Restinga incipiente à Floresta já bem mais densa e com vários extratos (a grosso modo várias camadas de vegetação em um ambiente só).
Abaixo uma transição de vegetação onde podem ser encontrados muitos exemplares de Oeceoclades, onde estavam sempre mais amareladas devido a maior incidência luminosa no chão, e também muitas orquídeas do gênero Vanilla, de difícil identificação se contar somente com a parte vegetativa.











Ao lado uma Vanilla sp. em uma parte de mata mais fechada e úmida.







Abaixo um exemplar de Cattleya guttata Lindl., Edwards's Bot. Reg. 17: t. 1406 (1831) (vejam fotos de flores de outros exemplares desta espécie clicando aqui).













Como já imaginava tendo visto alguns exemplares desta espécie de regiões de Restinga, este único exemplar encontrado era bastante vigoroso, pseudobulbos mais espessos ao contrário das plantas desta espécie com pseudobulbos mais delgadas que ocorrem em matas ciliares do interior, apesar de caído ao chão de uma árvore e com sinais de estar demasiadamente sombreado há algum tempo, ainda já em processo de ficar abafado pelo acúmulo de serrapilheira.
Não esperava encontrar C. guttata nesta caminhada na mata, longe de cursos d'água inclusive, e este único exemplar veio a ser uma boa surpresa.
Abaixo um exemplar de Prosthechea sp. visto pelo caminho do Pico da Marambaia.


Nas fotos abaixo várias touceiras de Cyrtopodium sp., onde apresentam-se nitidamente estiolados em condições mais sombreadas.










Agora mais próximo do cume do Pico da Marambaia, recebendo maior intensidade e horas de luz por dia. Reparem também nesta espécie de Velloziaceae que aparece junto, outra surpresa interessante. Em ambas situações, mais à sombra ou sob pleno Sol estavam onde o solo era mais raso, próximos à afloramentos rochosos.



















Ao lado uma outra espécie da família Orchidaceae, cujo gênero não saberia citar agora.







Na Ilha de domínio da Marinha, como já mencionado, também é povoada por descendentes quilombolas, tendo a pesca como atividade principal.
Existe uma certa discussão sobre o remanejamento deste povo para outra área fora da Ilha, até mesmo para sua própria segurança pois os treinamentos muitas vezes envolvem tiros, mas até lá se for o caso, seria essencial atividades afim de promoverem uma concientização ambiental maior deste povo visando proteger este remanescente do Bioma Mata Atlântica de várias fisionomias por unidade de área, pois muito frequente próximo às habitações, verdadeiras pilhas de lixo acumulando-se e sem nenhuma perspectiva aparente de serem coletados, só por conta de serem retirados por ação das marés e ventos, além de queimadas na época mais seca do ano, vide foto abaixo, tirada de próximo do cume do Pico da Marambaia.

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