segunda-feira, 16 de julho de 2018

Hadrolaelia jongheana Chiron & V.P.Castro 2002

Sinônimos: Bletia jongheana Rchb.f 1872; Cattleya jongheana (Rchb.f.) Van den Berg 2008; Sophronitis jongheana (Rchb. f.) C. Berg & M.W. Chase 2000; Laelia jongheana Rchb. f. 1872.

http://orquishop.blogspot.com/2012/02/hadrolaelia-jongheana-tipo_12.html

Outrora considerada endêmica do estado de Minas Gerais há relatos recentes de sua ocorrência no Espírito Santo, onde foi extinta logo após sua descoberta. Ainda há relatos, fracos, de sua ocorrência no estado do Rio de Janeiro. 

Em MG está listada como Criticamente Ameaçada de Extinção ("risco de de ser extinta em curto espaço de tempo"), ver fonte abaixo:

Biodiversitas. 2007. Revisão das listas das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais. Vol. 2. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. 

Em seu livro A Jóia da Bruxa, Heitor Gloeden narrou uma expedição feita no ano de 1936 em busca desta espécie, em região próxima ao Quadrilátero Ferrífero, expedição esta infrutífera, tendo considerado, então, uma espécie rara já naquela época, aliás, no livro ele menciona que seu pai o advertiu que ainda antes não tivera sucesso em buscar esta espécie... ****Vale ressaltar que naquela época, muito antes dos avanços da biotecnologia voltada à propagação in vitro de plantas, todo comércio e cultivo de orquídeas era baseado em plantas coletadas, o que então era legal.



Hoje em dia muitos dos lugares relatados pelo autor, lugares esses que conheci pessoalmente, já foram devastados pela mineração, queimadas e/ou ocupação urbana, o que torna muitíssimo improvável que ainda encontremos populações desta espécie nas suas intermediações.

Quando montei e fiz as primeiras prospecções de espécies raras a serem multiplicadas na biofábrica da mineradora Vale S.A., em Nova Lima/MG, entre os anos de 2013 e 2016, fiz buscas intensas objetivando encontrar esta espécie na mencionada região. Neste esforço consegui encontrar muitas outras espécies, inclusive populações de Hadrolaelia pumila com alguns indivíduos bastante robustos que, sem flores, na época me deixaram dúvidas da sua real identidade, por se parecerem muito com a jongheana... mas não aconteceu de encontrá-la, e ainda carrego a meta de "conhecer e multiplicar populações de jongheana específicas do Quadrilátero Ferrífero", vinculado a outras instituições.

Neste meio tempo expandi as andanças, conheci alguns habitats viáveis de jongheanas em MG, e estes sempre com populações pequenas, sendo tanto em ambientes de matas quanto de campos rupestres, tenho várias anotações sobre minhas observações da ecologia de seus habitats, mas são informações perigosas, então não vou entrar em maiores detalhes quanto a isso como geralmente faço para outras espécies aqui no blog.

A ideia de falar um pouco sobre esta espécie me ocorreu ontem, quando colhi alguns frutos maduros. É interessante que em alguns habitats elas se entrelaçam, literalmente, com as Hadrolaelia brevipenduculata (Sophronitis).


A espécie sofre uma pressão de coleta muito grande, parece haver muito "romantismo" acerca dela, tabú, lendas, sei lá. A jongheana me lembra até um artigo que li há alguns anos sobre as listas de espécies ameaçadas efetivamente contribuírem ainda mais para a extinção (Rarity bites. Nature, volume 444, p. 555, 2006)

Indivíduos ainda encontrados na natureza são relativas relíquias, pois é muito raro encontrar seedlings (plantas novas), então as plantas remanescentes são quase sempre muito antigas, o que dá para inferir que a resiliência das populações desta espécie na natureza é extremamente baixa, ou seja, a grosso modo as populações não se renovam ou demandam um tempo extremamente longo para isso, há muita dificuldade em germinar naturalmente novos indivíduos, então possivelmente se acabarem as plantas adultas de hoje acabarão todas.

A experiência que tenho em propagar esta espécie in vitro me permite dizer que é muito fácil, as sementes são quase sempre muito vigorosas, germinam até as que se aderem às paredes dos frascos e de suas tampas... Então além desta facilidade em propagar a espécie podemos encontrar mudas de jongheanas da variedade alba sendo comercializadas a R$ 10,00 (sim, dez reais), já quase adultas, o que é um paradoxo, pois penso que qualquer muda obtida de coleta não custaria menos do que isso para quem quer que fosse adquirir.

Na foto acima, o "fruto 1" apresenta sementes nitidamente mais escuras, densas e de melhor qualidade do que as do "fruto 2", não que em "2" suas sementes estejam ruins.

Hadrolaelia jongheana alba, planta do amigo Gustavo Rosa.

Uma curiosidade, dizem que na primeira vez que a jongheana alba apareceu em uma exposição a mesma foi exposta dentro de uma gaiola para sua proteção. Hoje é fácil encontrar no mercado.





domingo, 15 de julho de 2018

Brasilidium pectorale: enfim sementes!

Sinônimos: Gomesa pectoralis, Brasilidium marshallianum, Brasilidium pectorale, Oncidium marshallianum, Oncidium pectorale, Anettea marshalliana, Anettea pectoralis, Oncidium larkinianum,Gomesa marshalliana, Oncidium pectorale var. larkinianum.

Fotos raras do Brasilidium petorale floridos no habitat:







É uma espécie auto incompatível, ou seja, para obter sementes viáveis precisamos cruzar flores de duas plantas distintas.

Há 10 anos ganhei um exemplar de presente e desde então vinha, sem sucesso, tentando obter sementes auto polinizando flores da mesma planta. Neste tempo, por falta de outra opção, tentei usar políneas de flores diferentes de um mesmo cacho, políneas guardadas do ano passado, flores ainda fechadas, políneas de flores passadas... Tudo tentando driblar o mecanismo fisiológico que confere a auto incompatibilidade. 

Apareceram pessoas com outras plantas desta espécie, combinei de adquirir as políneas mas a logística nunca deu certo, apareceram, também, plantas à venda, mas em boa parte devido a minha aparente determinação em reproduzir esta espécie, os preços eram sempre inviáveis... 

Em dezembro de 2017 consegui políneas de outras plantas, polinizei e hoje, 7 meses depois colhi as sementes maduras.



Moro em meio a um dos antigos habitats conhecidos desta espécie, onde está extinto, há relatos de ocorrências nos estados de SP, RJ, MG e ES. Para alguns estados está listada como espécie Criticamente Ameaçada de Extinção, ou seja, risco de extinção na natureza em curto espaço de tempo.

É uma espécie próxima dos Brasilidium (Oncidium) crispum, praetextum, gardineri e forbesii, sendo, inclusive, muito confundidos.