quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Seminário do doutorado

Hoje apresentei o seminário intitulado ORQUÍDEAS: CARACTERÍSTICAS, EVOLUÇÃO, CULTIVO, RELAÇÃO SOLO-VEGETAÇÃO E OUTROS ASPECTOS ECOLÓGICOS RELACIONADOS, como exigência do Programa de Pós-Graduação em Solos e Nutrição de Plantas da Universidade Federal de Viçosa.


Coloco aqui o resumo do mesmo no caso de eventualmente se interessarem, evidentemente na apresentação cada afirmação foi ilustrada, e devido ao pouco tempo disponível inúmeras relações não puderam ser comentadas..


Resumo:


Por quase todo o planeta as diferentes espécies da família Orchidaceae desenvolvem-se como terrícolas, epífitas e rupículas, e estima-se que atualmente existam entre 25.000 e 35.000 espécies de orquídeas, que são plantas herbáceas, perenes e podem apresentar dois diferentes sistemas de ramificação, o simpodial e o monopodial. As orquídeas diferem das demais monocotiledôneas por possuírem em suas flores a coluna, esta originada da completa fusão do androceu e gineceu. Fósseis sugerem que as primeiras orquídeas surgiram no final do Cretáceo, ainda antes da extinção K/T, e que evoluíram em riqueza concomitantemente à separação dos continentes a partir desta era. São clássicas as citações de Darwin referentes às orquídeas, possivelmente cabendo a elas grande contribuição no amadurecimento da idéia da teoria da evolução por meio da seleção natural. Adaptações fisiológicas, anatômicas e morfológicas permitiram que espécies de subfamílias mais modernas se estabelecessem com uma propensão bastante acentuada de estrategistas estresse-tolerantes, sendo as epífitas e rupícolas, cujos habitats são relativamente xéricos. Dentre tais adaptações destacam-se o mecanismo fotossintético MAC e o velame das raízes. Nas simpodiais os pseudobulbos, que são constituídos em grande proporção de parênquima aqüífero e de espessas cutículas, servem como adaptações estruturais para armazenamento de água, de nutrientes e de carboidratos, e nas monopodiais, não existindo pseudobulbos, seus caules aéreos são constituídos em grande parte de esclerênquima, assim, esses órgãos não servem tão bem quanto os pseudobulbos como estruturas de armazenamento de quaisquer recursos, o que culmina na ocorrência e na necessidade de cultivo dessas plantas em microclimas mais úmidos e constantemente bem iluminados. Muitas particularidades do meio físico interferem diretamente na riqueza e na abundância de orquídeas ao longo da paisagem, por exemplo, nos complexos rupestres as orquídeas vegetam sobre as frestas mais rasas ou nas bordas de ilhas de vegetação, pois são de baixa competitibilidade por luz em relação às outras herbáceas de maior porte e de desenvolvimento mais agressivo, e também, em um curto espaço temos as variações de solos induzindo variações nas comunidades vegetais, em que geralmente solos mais arenosos, ou de outra forma pobres em nutrientes ou de menor capacidade de retenção de água, proporcionam fitofisionomias menos adensadas, com isso permitindo que mais luz penetre, o que combinado à elevada umidade atmosférica sob eventuais maiores proximidades com corpos hídricos, proporciona não só o aumento da riqueza e da dominância de orquídeas, como também de outras herbáceas epífitas ou terrícolas, em detrimento da dominância de estrategistas competidoras. A partir do exposto faz sentido concluir que o cultivo de orquídeas melhor sucedido é, na medida em que se conhece e se aplica a biologia dessas plantas e dos contextos ecológicos em que se inserem.

Ando prometendo faz tempo os livros "Orquidofilia & Orquidologia - Princípios Agronômicos no Cultivo de Orquídeas", e o "Paisagens, Habitats e Ecologia de Orquídeas", mas não só um monte de coisas para fazer referente às disciplinas do doutorado, mas também meus constantes ajustes e incrementos nos conteúdos de ambos estão os atrasando, perfeccionismo uns amigos dizem, confesso que outros me falam que é vagabundagem mesmo...

A idéia é que um seja complementar ao outro, um pouco da idéia apresentada neste seminário de hoje.

Tem disponível para venda uma apostila de cultivo de orquídeas que escrevi para a ocasião da Semana do Fazendeiro da Universidade Federal de Viçosa e de outros cursos rápidos por aí, são 20 páginas com fotos em preto e branco, custa R$ 15,00 + despesas de envio, e a renda é para a Associação Orquidófila e Orquidóloga de Viçosa (AOOV) de onde também um recibo é emitido. Atualmente sou presidente da AOOV.


Ultimamente tem surgido muitas propostas para eu ministrar cursos em associações orquidófilas, o que me deixa muito satisfeito com este blog, pois boa parte dos contatos partem daqui.

Dentre os principais temas procurados estão o semeio in vitro de orquídeas por técnicas caseiras, algo que recentemente consegui ajustar melhor e é muito simples e barato de se fazer, e de cultivo geral, envolvendo biologia básica de orquídeas (fisiologia, anatomia e morfologia) de um jeito bastante ilustrado, envolvendo também aspectos de manejo integrado de pragas e adubação, dentre outros.


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Orquídeas, paisagismo, agronomia e um pouco de ecologia.

Dia desses fui gentilmente convidado a ajudar em uma apresentação sobre a utilização de orquídeas em projetos de paisagismo, então tratei de estudar um pouco mais sobre.


Caíram algumas fichas e fiquei desapontado com o que se tem não se tem feito no Brasil em mais este tema.


É comum vermos touceiras de Arundina graminifolia nos canteiros dos jardins por aí, o que é interessante, sem dúvida, mas quando comparamos com o que se tem em países da Ásia, por exemplo, é impossível não sentir que estamos muito atrás deles.


Um exemplo da asiática porém bastante difundida no Brasil Arundina graminifolia plantada em um canteiro no Campus da Universidade Federal de Viçosa:


Arundina graminifolia - No Campus da Universidade Federal de Viçosa
Devem haver jardins realmente bonitos e com muitas orquídeas aqui no Brasil sim, mas não há como negar que esses são poucos e, além disso, pouquíssimo explorados. Paisagistas que entendam de biologia de orquídeas e que saibam utilizá-las são raríssimos também.


Agora alguns exemplos do que se pode ver em Cingapura:


-Mandai Orchid Garden -  http://www.mandai.com.sg):


Vista do Mandai Orchid Garden, no fundo touceiras de Vanda - Foto de http://www.mandai.com.sg

Vista do restaurante do Mandai Orchid Garden - Foto de http://alittledream02.livejournal.com/184793.html


Vista do do Mandai Orchid Garden - foto de http://www.mandai.com.sg 

-National Orchid Garden e Singapore Botanical Garden - http://www.nparks.gov.sg/cms/index.php?option=com_visitorsguide&task=parks&id=24&Itemid=73 e  http://www.sbg.org.sg/:


National Orchid Garden - Foto de http://en.wikipedia.org/wiki/File:Singapore_National_Orchid_Garden.jpg 
National Orchid Garden - Foto de http://vincenttraveljournal.blogspot.com/search?q=orchid


National Orchid Garden Singapore - Foto de http://vincenttraveljournal.blogspot.com/search?q=orchid


National Orchid Garden Singapore - Foto de

National Orchid Garden – Foto de http://www.suzybalesgarden.com/blog/?p=62 


National Orchid Garden – Foto de http://www.suzybalesgarden.com/blog/?p=62


National Orchid Garden – Foto de http://www.suzybalesgarden.com/blog/?p=62 
E na Malásia:


Kuala Lumpur Orchid Garden - Foto de http://www.picable.com/slicedshow/tags/beutiful/16
DBKU Orchid Garden – Foto de http://mysarawak2.blogspot.com 


DBKU Orchid Garden  – Foto de http://mysarawak2.blogspot.com 


DBKU Orchid Garden – Foto de http://colinjong.com 


DBKU Orchid Garden – Foto de http://colinjong.com 


DBKU Orchid Garden – Foto de http://colinjong.com

Nota-se a abundante utilização de vandaceas, e essas plantadas diretamente no chão.


Uma coisa interessante a respeito da ecologia das vandas é que essas são consideradas hemiepífitas, ou seja, comumente não são epífitas durante todo o seu ciclo de vida, pois geralmente germinam na camada de resíduos orgânicos acima do solo, e na medida em que vão crescendo vão se apoiando e "escalando" em outras plantas. Vejam exemplos disto aqui: http://rejang-lebong.blogspot.com/2008/04/archive-for-nature-vanda-hookeriana.html.


Para epífitas de um modo geral, orquídeas e também bromélias, pteridófitas, briófitas, Araceas, líquens, etc., há um padrão de distribuição de cada espécie ao longo das "árvores hospedeiras" (tecnicamente essas árvores são denominadas de forófitas), a razão disso é que há um gradiente de umidade e luminosidade (as duas variáveis ambientais mais importantes para a distribuição de espécies de plantas) ao longo da altura da forófita.


No geral, microclimas mais úmidos e sombreados quanto mais se aproxima do chão, na base das árvores, e microclimas mais ensolarados e áridos na extremidade das copas das forófitas, havendo então um equilíbrio entre umidade e luminosidade preferencial para cada espécie de planta, equilíbrio este suportado por características fisiológicas (tipo de fotossíntes, eficiência de uso de água...), anatômicas (espessura de algumas camadas de vários tipos de células...) e morfológicas (tamanho e inclinação das folhas...) de cada planta.


As vandas e outras monopodiais como Campylocentrum, Renanthera, Angraecum e Phalaenopsis possuem caule do tipo aéreo, diferentemente das simpodiais como as Cattleyas, cujos caules são os pseudobulbos que no geral apresentam-se morfologicamente tendendo à fusiformes ("garrafinhas") . 


Pseudobulbos são órgãos constituídos principalmente pelo parênquima aquífero que é um tecido especializado no armazenamento de água e de outros nutrientes, e embora caules de uma maneira geral sejam estruturas de reserva (não só de sustentação), os caules aéreos das orquídeas monopodiais são constituídos especialmente por esclerênquima (tecido fibroso de elevada rigidez e com baixo teor de água), e por isso os caules aéreos são bem menos eficientes que os pseudobulbos para reservarem recursos (água, nutrientes minerais e carboidratos produzidos pela fotossíntese).


Então temos a ocorrência de orquídeas monopodiais preferencialmente em microclimas relativamente mais úmidos, florestas nebulares e matas ciliares, por exemplo. 


Plantas grandes como as vandas demandam grandes quantidades de recursos para crescerem (água, nutrientes minerais e luz), e devido aos seus caules de pouca capacidade de armazenamento desses recursos as vandas precisam estarem próximas das fontes deles, e o solo é como uma "caixa d'água" permanente e em lugares abertos há maiores insolações.


As vandas são de origem asiática mas essas das fotos acima nos jardins de orquídeas na Ásia são mais comumente híbridas, ou seja, necessariamente foram plantas micropropagadas e cultivadas em casas-de-vegetação até irem para os jardins, e outra coisa que me chama muito a atenção é a boa qualidade das instalações e das plantas cultivadas nos orquidários orientais.

Sei que preciso andar mais, mas o que tenho visto por aí até então na maioria são produtores comerciais de orquídeas bastante amadores no sentido de possuírem pouquíssimo embasamento técnico, o que para ser contornado a idade cronológica do indivíduo não conta muito.

Exemplos:
Bancada em orquidário comercial - flores bonitas mas a coloração das folhas indicam deficiência nutricional, provavelmente devido à morte das raízes em uma combinação inadequada de manejo, substrato e tipo de vaso.
Bancada em orquidário comercial  -  a coloração das folhas indicam deficiência nutricional,   provavelmente devido à morte das raízes em uma combinação inadequada de manejo, substrato e tipo de vaso.
Cattleya walkeriana semi-alba sendo comercializada por um profissional do ramo de orquídeas em uma feira, planta relativamente cara sendo mal cuidada, folhas amarelas indicando morte de raízes por manejo inadequado para a combinação de substrato e vaso em que está, nesta florada a planta e as flores não estão tão ruins, mas e na próxima?

Cattleya violaceae sendo comercializada por um profissional do ramo de orquídeas em uma feira, planta subdesenvolvida, pseudobulbo mais novo menor que o anterior (X), indicando que a nutrição está inadequada. Raízes novas morrendo (X) pelo manejo inadequado para a combinação de substrato e vaso em que está.

Seedlings em bandeja em orquidário comercial , manejo inadequado para o substrato e recipiente utilizado resultando em sérias deficiências nutricionais por morte das raízes.
Acima mostrei algumas fotos tiradas por mim em orquidários de profissionais do RJ, MG e ES, evidentemente não convém identificar o local, no entanto, visitando muitos sites de orquidários comerciais do Brasil vemos fotos de orquídeas cultivadas em suas instalações com muitos problemas semelhantes, e onde eu queria chegar com isso é que, aparentemente, nem mesmo os produtores costumam notar que suas plantas estão com vários problemas pois ainda assim publicam as fotos como propaganda de seus orquidários...

Frequentemente temos produtores profissionais de orquídeas cometendo os erros que são muito comuns entre os orquidófilos. Quem cultiva orquídeas em casa não tem a obrigação de ser extremamente eficiente no seu cultivo, tem orquídeas como hobby e direcionam suas atenções para coisas mais sérias em suas vidas, no entanto, com os profissionais já deveria ser diferente.

Não vou fazer propaganda aqui, mas creio que se os leitores a partir do que viram neste post buscarem na web orquidários do Brasil e da Ásia e analisarem criticamente suas imagens de cultivo notarão uma enorme diferença também, nem que seja para maquiarem seus produtos ao menos.

A idéia que eu espero ter transmitido aqui é que não é por coincidência que os asiáticos, sendo os que mais produzem ciência de orquídeas, pois são autores da maioria dos artigos científicos que temos hoje em dia, produzem orquídeas com bastante eficiência, e as usam de maneira exemplar em paisagismo inclusive.

Notem que as fotos dos jardins com orquídeas usadas por mim neste post foram em boa parte extraídas não de sites oficiais, e sim de blogs e de outros sites de viagem, pois foram feitas na maioria por turistas que, ao contrário de nós, não estão o tempo todo prestando atenção em orquídeas, mas diante de tais cenários parece ser impossível não ter a atenção despertada.

O Brasil tem a agricultura tropical mais eficiente do planeta porque produziu e vem produzindo muita ciência agronômica no decorrer dos anos, no entanto, me parece que é diferente com orquídeas, e há até uma certa arrogância dos produtores comerciais em buscar consultorias de técnicos especializados, deve ser porque plantando nesta terra mesmo que de qualquer jeito acaba dando alguma coisa...

Raíz morta em substrato ácido, o que induz a deficiências nutricionais na planta toda.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

VII Exposição de Orquídeas de Viçosa/MG - dias 22, 23 e 24 de outubro de 2010

Convidamos a todos para nossa sétima exposição de orquídeas.
Haverá cursos sobre cultivo e semeio in vitro de orquídeas a partir de técnicas caseiras, bem como orquídeas floridas sendo expostas e comércio de mudas e acessórios.
Grande abraço.


Cartaz:


Folder:

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Adubação de Orquídeas

Meu primeiro post lá nas idas de abril de 2007 (Dicas para uma adubação mais eficiente para orquídeas) foi sobre adubação de orquídeas, na época estava com a idéia de ir aprofundando sobre o assunto em breve, mas, passou esse tempo todo e nunca mais toquei diretamente no assunto. Noto inclusive que é um dos mais requisitados na comunidade orquidófila, é o que mais traz leitores a este blog por meio de pesquisas na web.
Meu objetivo com este post é fazer um upgrade do “post primogênito”.
A matriz deste texto eu escrevi há algum tempo, quando uma jornalista de uma revista me fez uma entrevista sobre adubação de orquídeas.
A entrevista foi conduzida a partir de perguntas como: qual a importância da adubação?; como é feita a absorção do adubo pela planta?; quais os tipos de adubos existentes (orgânicos, minerais, etc)? Quando cada um deve ser utilizado?; qual a diferença entre adubação via solo e adubação foliar? Como cada uma deve ser feita?; é mais indicado usar adubos sólidos ou líquidos? Qual a diferença entre eles?; existe um horário mais indicado para efetuar a adubação? Explique; o que pode acontecer com orquídeas que não são adubadas adequadamente, tanto em relação à falta do produto quando ao excesso?; existem cuidados ao manusear o adubo? O tipo de substrato influencia no tipo ou na quantidade de adubo? Explique, e; Por que a adubação precisa ser suspensa durante as estações mais frias?
As respostas seguem (não necessariamente na mesma ordem):

O corpo de uma planta de orquídea é formado por um conjunto de órgãos, como por exemplo, folhas, pseudobulbo, raízes, rizoma e flores, e esses órgãos por sua vez são formados por tecidos, que são formados por células, que são formadas por organelas, que são formadas por moléculas que são formadas por átomos ou elementos químicos.
Nutrientes minerais, por definição, são elementos químicos essenciais para o desenvolvimento saudável dos seres vivos, entendendo-se por desenvolvimento saudável o aumento no tamanho de um dado órgão em si e, também, da planta como um todo, e a planta conseguindo cumprir seu ciclo vital.
Sem os nutrientes minerais não existiriam as moléculas que consistirão as organelas, e consequentemente as células, os tecidos e assim por diante, e também não serão formadas as moléculas “mensageiras” como hormônios, que sinalizam paras as células quanto à necessidade de dividirem-se, alongarem-se ou se transformarem em células especializadas em determinadas funções no corpo da palnta.
A adubação tem por finalidade justamente atendermos as demandas de nutrientes minerais nos momentos e nas quantidades que as plantas necessitam para desenvolverem-se de maneira saudável, uma vez que os nutrientes que chegam à elas sem necessariamente intencionarmos geralmente não estão nas quantidades suficientes para proporcionarem o desenvolvimento que esperamos.
Nas plantas de uma maneira geral a absorção de nutrientes minerais contidos nos adubos (adubos orgânicos ou minerais) se dá concomitantemente à absorção de água, e nas orquídeas as raízes são os órgãos especializados para este fim.
Muito comum por aí vermos recomendações de adubação foliar para as orquídeas, mas é extremamente equivocado direcionar propositalmente as freqüentes adubações para as folhas, quando na verdade temos o efeito esperado justamente pela solução de água mais adubo escorrer das folhas para os substratos e raízes. Então acaba sendo um grande desperdício de adubo e de tempo do aplicador de adubo insistir em pulverizar todas as folhas das plantas quando somente um jato único poderia ser direcionado às raízes.
Alguns vegetais possuem adaptações anatômicas e morfológicas que permitem que água e nutrientes minerais sejam absorvidos pelas folhas, como exemplo desses temos musgos e bromélias.
Ao contrário dos musgos, as orquídeas de uma maneira geral possuem folhas bastante impermeabilizadas por uma camada de cera que costuma ser bem espessa, especialmente em espécies de climas mais quentes e secos, ou de exemplares cultivados em ambientes também mais secos, quentes e iluminados. Esta camada de cera serve para diminuir a velocidade com que as plantas perdem água, uma estratégia extremamente útil especialmente para epífitas que não contam com as raízes absorvendo água da “caixa d’água” do solo.
E as bromélias como muitos podem notar na primeira bromélia que surgir à frente não produzem muitas raízes, somente o suficiente para fixarem-se, a roseta formada pelas folhas serve como estrutura de acúmulo de água e nutrientes que serão absorvidos por células especializadas na base dessas folhas. Orquídeas nem de longe tem algo parecido, fácil notar orquídeas cultivadas em ambientes mais secos e menos adubadas lançando suas raízes para longe em busca desses recursos.
Mas é equivocado dizer que absolutamente nada é absorvido pelas folhas, ocorre  que de uma maneira geral a quantidade absorvível por esses órgãos será ínfima diante da demanda total da planta, então insisto, vamos direto às raízes.
Existem uma série de adubos comercias que se enquadram nas diferentes categorias, sendo orgânicos, minerais (também chamados de adubos químicos) ou organo-minerais.
No caso de adubos orgânicos, embora a fonte de nutrientes, o adubo no caso, seja orgânica, a nutrição é sempre mineral, ou seja, o adubo orgânico só cumprirá seu objetivo de nutrir as plantas após decompor-se e liberar os nutrientes em formas mineralizadas.
Os adubos orgânicos costumam serem menos concentrados e terem composições mais variadas em relação aos adubos minerais.
Em outras culturas agrícolas podemos aplicar as maiores doses de adubos justamente nos momentos de maiores demandas das mesmas, que é justamente no crescimento e frutificação, mas em orquidários, com espécies e indivíduos em estágios diferentes, fica difícil ser muito específico. Assim, temos que buscar uma média, ou seja, doses constantes no orquidário todo ao longo do ano.
Diz-se por aí em “adubação homeopática”, a meu ver um mito orquidófilo, pois quando as orquídeas estão brotando e crescendo a demanda de nutrientes é elevada, e uma adubação aquém de sua necessidade não trará aquele efeito fantástico de vermos plantas e floradas gigantescas e vigorosas.
Ainda em relação a adubos minerais (“químicos”) cabe até uma publicidade gratuita aqui, o adubo B & G Orchidées (www.begflores.com.br) é uma verdadeira revolução na orquidofilia, pois resgata alguns princípios básicos de uma adubação cientificamente embasada, algo que discutirei em um post futuro (desta vez eu prometo, post de um futuro próximo)
Tem funcionado bem adubação com adubo mineral semanal ou quinzenalmente, com o cuidado de na rega seguinte molhar bem até deixar a água escorrer com o excesso de adubo do substrato, porque o excesso de sais no substrato mata as raízes.
Com adubos orgânicos o intervalo de aplicações é na ordem de meses, pois a decomposição desses gerará ácidos orgânicos que atingirão as raízes, e no caso de muito adubo orgânico se decompondo ao mesmo tempo em uma superfície relativamente pequena, a concentração desses ácidos será nociva acarretando em degradação e morte dos tecidos das raízes.
Orquídeas saudáveis necessariamente são orquídeas com raízes.
Adubação via solo é quando se direciona o adubo para o solo, inferindo-se que este será absorvido pelas raízes, e adubação foliar é fazer com que preferencialmente as folhas tenham contato com o adubo.
Geralmente os adubos via solo, no caso orquidófilo “via substrato”, podem ser solúveis em água ou ainda granulados para serem usados secos espalhando-os no substrato. No caso de adubos secos desaconselho seu uso totalmente, porque com esses há muito risco de se errar a dose por excesso e danificarmos as plantas.
Para que a adubação, que é uma tecnologia agrícola, seja mais eficiente é necessário que ela tenha um embasamento científico, embasamentos esses relacionados especialmente à própria biologia da planta de orquídea.
A adubação bem como a irrigação de uma maneira geral deve ser praticada entre o meio e final de tarde, em um contexto que agronomicamente denominamos manejo integrado de pragas e doenças, que prioriza especialmente a prevenção dos problemas.
Molhando as plantas quando ainda haverá algumas horas de Sol aquela camada de água que fica em cima das folhas seca mais rápido, diminuindo assim as chances de um esporo de fungo germinar e infectar a folha (post Regas em orquídeas).
Algumas orquídeas possuem um determinado mecanismo fisiológico que faz com que essas absorvam água e consequentemente adubo durante a noite, e outras um mecanismo diferente que acarreta em absorção diurna. É complicado diferenciarmos e separarmos as plantas com cada tipo de absorção, assim, efetivando a rega e a adubação no meio da tarde atenderemos muito bem qualquer planta.
A médio prazo tanto a adubação deficiente quanto a excessiva acarretam em subdesenvolvimento das plantas de orquídeas. Ressaltando que orquídeas são plantas ornamentais, o aspecto vigoroso proporcionado pela adubação correta conciliada com outras práticas de manejo também corretas acabam por vir a agregar valor ao produto.
De um lado temos que o fornecimento de minerais aquém do demandado pela planta acarreta em diminuição do seu crescimento pelo fato de faltar constituintes para a formação do seu corpo, e com o excesso de adubo há uma série de danos conhecidos, como, por exemplo, morte das raízes em decorrência da alta salinidade no substrato fazendo com que a planta não absorva mais água nem nutrientes minerais, o que vem a ser irônico, pois o excesso de adubo nesse caso acarretando em deficiência nutricional.
De um modo geral os adubos devem ser conservados em lugares secos e em recipientes que vedam bem.
Não há grandes riscos para saúde humana o manuseio de adubo, porém, em quantidades muito grandes há riscos ambientais pela poluição que causam.
Quanto ao tipo de substrato influenciando nos resultados da adubação é algo bem complexo, como sempre são as interações, e demandaria muitas linhas para contextualizar, mas, de uma maneira geral, sabe-se que determinados tipos de adubos podem acelerar a decomposição dos substratos orgânicos.
Alguns tipos de substratos, como o xaxim fino, possuem maiores capacidades de reterem adubos, exigindo maiores preocupações em removermos o excedente lavando o excesso de sais acumulados ao longo das adubações.
Se a planta está brotanto e crescendo mesmo no inverno ela está precisando de nutrientes para construir seu corpo. O que pode acontecer em temperaturas muito baixas é a velocidade de crescimento ser mais lenta, e consequentemente a de adubação também precisaria ser, no entanto, tomando o cuidado de evitar o acúmulo excessivo de sais com o uso de recipientes e substratos bem drenados e por meio da abundância de água na irrigação, é muito difícil haver danos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Habitat de orquídeas

Hoje resolvi não escrever muito, seguem algumas fotos de um habitat de Laelia lundii, Cattleya loddigesii, Capanemia micromera, Pleurothallis sp., Campylocentrum grisebachii dentre outras.

Laelia lundii
Laelia lundii
Cattleya loddigesii
Cattleya loddigesii  e Laelia lundii
Cattleya loddigesii
Laelia lundii
Campylocentrum grisebachii e Capanemia micromera
Pleurothallis sp.
Laelia lundii
Laelia lundii
Laelia lundii
Laelia lundii
Pleurothallis sp.
Laelia lundii
Laelia lundii
Laelia lundii
Campylocentrum grisebachii 
Cattleya loddigesii
Cattleya loddigesii
Laelia lundii

Cobra coral