O que se vê em muitos panfletos distribuídos nas exposições por aí, referentes à periodicidade, é algo como "tantas" vezes por semana no verão e tantas no inverno. Na verdade isto vai depender de uma série de variáveis como tipo de recipiente (plástico, barro, cachepô, etc.), bem como substrato (xaxim, fibra de coco, etc.), tamanho do recipiente (os maiores proporcionalmente acumulam água por mais tempo), e como não é de costume uma padronização de tudo entre nós amadores, onde gostamos de um pouco de tudo e cultivamos num monte de coisa diferente na mesma bancada (foto ao lado, a bancada de um conhecido), vai um pouco de jogo de cintura que adquirimos com o tempo, além dos critérios que obtidos quando estudamos a espécie e os materiais em que cultivamos .
Prefiro fazer a irrigação quando está quase tudo seco, meio que tentando adiar ao máximo até antes que as plantas mais dependentes de água, ou que geralmente estão nos vasos que secam primeiro, comecem a sentir, e que os vasos que demoram mais pra secar não fiquem com água em demasia.
É claro, isto é possível dentro de certo limite, acho importante tentarmos dispor de outros artifícios dentro deste jogo de compensação, como ainda na foto acima, as Hadrolaelia sincorana plantadas no sistema casquinha pra fora, numa tentativa de atenuar o efeito da água em demasia por um tempo maior no vaso.
Ao lado, plantas relativamente bem no plano de fundo da foto a qual centrada vemos uma Oncidium seca por falta de água, pode ter faltado uma camadinha de sphagnum entre o palito de xaxim e o rizoma da planta e talvez também, molhar um pouco mais, seria possível que as que estão bem ainda não sentissem o excesso.
Dizendo de uma maneira mais geral, prefiro irrigar no sistema "secou molhou". No verão, ficando muito seco todo dia, água todo dia de tarde então, além de tentar homogeneizar meus "modos" de cultivo, mas quando não é possível, ou intencionalmente, faço alguma coisa diferente, por exemplo, as plantas penduradas plantadas em cachepô, as das bancadas com vaso de plástico com brita (substrato com boa drenagem, foto abaixo), e as penduradas só fixadas numa casquinha entre estas e a planta uma fina camada de sphagnum ao menos, e parece que tem dado certo.
Abaixo, mais alguns exemplos de plantas com sintomas de falta d'água, na sequência: Sophronitis cernua e Maxillaria rufescens.
Agora, uma Miltassia desidratada em conseqüência do excesso de água no substrato (ao lado), por mais que molhemos os pseudobulbos, devido a permeabilidade restrita de água para seu interior, eles não conseguem absorver por eles mesmos toda água de que necessitam, pois o órgão principal de absorção de água e nutrientes destas, as raízes, morreram devido à falta de oxigenação do substrato, então quanto mais se molhou esta, maior deficiência de água foi proporcionada à mesma.
Outros problemas parecidos, nas fotos abaixo, também na sequência, uma Blc. com suas raízes apodrecidas no ambiente de maior anaerobiose do que suas raízes agüentaram, neste caso é possível ver uma nova brotação, com pequeno potencial a se tornar um pseudobuldo com vigor semelhante ao seu antecessor por motivo de absorção de água e nutrientes aquém da necessidade, também por falta de raízes. Problema mais evidenciado ao lado, um híbrido num vaso de xaxim que acumula muita umidade, já dando sinais de subdesenvolvimento e deficiência de talvez fósforo e magnésio, e uma Hadrolaelia purpurata, com subdesenvolvimento dos brotos e amarelecimento da parte mais velha, apontando para uma deficiência de nitrogênio.
Reforçando a hipótese das deficiências de água e demais nutrientes de absorção pelas raízes no substrato terem sido aquém da real necessidade nos casos acima, ao longo de um certo tempo, abaixo temos uma foto mostrando um corte com dois pseuldobulbos traseiros, que apesar de ainda não completamente crescida a nova brotação, pelo diâmetro, temos a idéia de que esta será de tamanho próximo ao antecessor o que é geralmente raro numa muda deste tipo, sendo possível provavelmente pela boa nutrição da planta que originou o corte, proporcionando um acúmulo maior de reserva mineral nos dois pseudobulbos, translocados então para a brotação, já que o mesmo corte encontra-se sem raízes vivas.
6 comentários:
Puxa vida, eu na minha santa ignorância achando que podia explicar algo a alguém... já recebo uma visita dum senhor doutor na área (tá bom, só mestre...hehe).
Tenho umas orquídeas que andam estranhas, vou ver se te mando a foto... Abs.
Nossa!!! Na minha ignorância eu achava que os bulbos só estariam enrugados em caso de falta de água. Valeu!!!
Carlos, ainda aguardo as fotos...
Oi Kelly, na verdade neste caso o excesso de água no vaso acabou matando as raízes e as plantas se desidrataram justamente por não possuírem mais raízes para absorver água.
Obrigado pela visita.
Abraços
MUITO BOM SEU ARTIGO, NÃO BASTA SABER,TEM QUE SABE TRANSMITIR.
VOU FAZER UMA PERGUNTA SIMPLORIA:
TENHO VARIAS ORQUIDEAS EM VASOS PENDURADAS EM ARVORES, AQUI NO EUZEBIO,REGIÃO METROPOLITANA DE
FORTALEZA, OS SUBSTRATOS SÃO EM ALGUMAS PLANTAS FIBRA DE COCO,EM OUTRAS CARVÃO COM FIBRA DE COCO E BRITA E TAMBEM PRESAS EM TOQUINHOS.
COMO ESTAMOS NA EPOCA DE CHUVAS, GOSTARIA DE SABER COMO IDENTIFICAR OS SINTOMAS INICIAIS QUE POSSAM INDICAR A PERDA DE ABSORÇÃO DE AGUA DEVIDO AO MAIOR VOLUME DE AGUA.OBSERVEI QUE ALGUMAS PLANTAS FICARAM COM A FOLHA AMARELA, QUE FORAM RETIRADAS PARA UM LOCAL ONDE NÃO MOLHE COM CHUVA.
GRANDE ABRAÇO
Marcus, muito bom o seu blog. Vou te mandar umas fotinhas de umas orquidinhas minhas para vc consultar.Abraço.Fabiana
Ola, meu nome é Carlos, e gostava de saber o porque, das folhas carnosas da cattleya estarem enrrugadas, penso que falta de agua nao será.
obrigado
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