O tratamento com substâncias exógenas (não vindas da própria planta) reguladoras de crescimento vegetal, ou substâncias fitorreguladoras, muitas vezes é determinante para a sobrevivência e bom pegamento de mudas, especialmente quando se faz necessário o replantio em épocas não adequadas, ou seja, aquela em que as raízes novas demorarão a brotar, o que acontece geralmente após o crescimento do novo pseudobulbo.
O ácido 4-indol-3-butírico (AIB), com eficiência cientificamente comprovada para induzir o enraizamento adventício em fragmentos de plantas, é uma dessas substâncias mais empregadas na agricultura.

Nas fotos acima, uma
Cattleya amethystoglossa que peguei do lixo de um amigo, "Oba!", pensei, "minha primeira ametista". Com as setas vermelhas a parte traseira que havia sido descartada, após o tratamento, pra minha surpresa quando retornei para Marília-SP, onde fica meu orquidário, nas minhas férias escolares em Viçosa-MG, após 4 meses, havia brotado pseudobulbos vigorosos, embora mais curtos que o normal (setas azuis), aí no ano seguinte duas frentes floridas, e neste, o terceiro, outras duas hastes de flor e precisando plantar em um cachepô maior, meu amigo, o dono do lixo, não acreditou, pois está melhor que a parte dianteira da touceira que ele ficou, conclusão, hoje em dia ele não é mais desacreditado de pseudobulbos velhos, os quais não sobram mais pra mim...
Quando o AIB é aplicado diretamente no rizoma, é absorvido e consequentemente estando em maiores concentrações nesta parte da planta do que nas restantes, desencadeia processos de formação de calos (tecidos não diferenciados), que são precursores na formação de raízes.
Por outro lado, é bom salientar que doses excessivas do AIB podem acarretar em inibição da formação de raízes. Portanto, recomenda-se o uso deste regulador apenas numa etapa inicial, para o plantio de mudas com poucas raízes e sem sinais aparentes de emissão de raízes novas num breve espaço de tempo, foto abaixo uma Bc. Pastoral 'Innocense', que foi tratada e transplantada para um cachepô pois estava num vaso muito infestado de caramujos.

Também no caso de plantas com suas raízes bastante atacadas por lesmas e caramujos, pode-se fazer o tratamento sem que a retire do vaso, caso o substrato seja novo, a planta recém plantada, etc. Primeiro deve-se resolver o problema de infestação por estas pragas. Em seguida, realiza-se uma única rega com uma solução de AIB na mesma concentração, sem precisar que a planta seja desenvasada.
As fotos abaixo foram tiradas na casa de uma conhecida, a esquerda, uma
Hadrolaelia jongheana, tida com planta muito "enjoada" por muitos, devido sua característica de se desidratar muito facilmente, com muito vigor após o tratamento com AIB, que propiciou o surgimento de raízes para absorção de água e nutrientes rapidamente, a direita, uma
C. amethystoglossa vinda do mato, com a dianteira avariada, tratada e na ocasião desta foto 1 mês após o plantio.

Só "fazendo um gancho" em relação à coleta de plantas no habitat, todo mundo sabe que é proibido, salvo situações especiais, e todo mundo sabe que acontece, não querendo fazer algum incentivo, mas se isto acontecer é melhor que as plantas sobrevivam, o AIB ajuda.
Como fazer o tratamento com AIB?
Bom, não sei, estou iniciando um experimento justamente para padronizar o uso desta substâncias em orquídeas, dependendo da fonte, por exemplo se for diluído no talco na concentração de 500 ppm (0,5 g/kg), e se eu tiver muitas plantas necessitando de tratamento no momento, diluo uma colher de sobremesa, numa quantidade equivalente de álcool, e esta pastinha diluo em 3 L de água, despejo num balde que proporcione que este volume seja contido em uns 5 cm de altura, e lá deixo as mudas com o rizoma e algumas raízes limpas de resto de substrato submersos por cerca de 1 hora, outra coisa que parece que tem funcionado é pingar 1 ou 2 gotas de AIB 2000 ppm (2 g/L) dissolvido no álcool no rizoma de uma muda.
Para espécies de plantas arbóreas, por exemplo, fruteiras e essências florestais, muitos trabalhos demonstram, numa média, que mergulhando a estaquinha direto no talco com 1000 ppm de AIB e imediatamente as plantar em saquinho funciona, mas as condições de orquídeas acredito que seja inviável, primeiro porque o desperdício de produto é maior, e depois porque quando amarramos as mudas em cascas de madeira na primeira irrigação o talco é lavado, além do que os rizomas das orquídeas em geral são bastante
lignificados, sendo portanto a efetividade do tratamento comprometida por algum impedimento de absorção, acredito que se tem que otimizar isto, a imersão em água daria digamos, uma bagunçada na estrutura e conformação desses impedimentos físicos e químicos da planta, aumentando sua permeabilidade, o que acredito que é aumentado com o álcool.
Outros promotores de enraizamento em plantas são conhecidos, alguns até mais acessíveis que o AIB, como os fertilizantes relativamente mais enriquecidos com o micronutriente zinco encontrados em qualquer loja de produtos agrícolas, que é um componente de uma enzima essencial para a síntese do fitormônio AIA a partir do aminoácido triptofano, no caso o AIB é um correspondente sintético, e que por ser mais estável na presença de luz e temperatura mais elevada, é o mais usado.
Um questionamento que tenho, é que será que usando diretamente um análogo ao hormônio AIA, no caso o AIB, a planta economizaria energia a ponto desta economia ser suficientemente determinante na sobrevivência daquele material vegetal mais avariado, uma vez que a síntese de proteínas em si é muito custosa energeticamente para todos os seres vivos?????????