terça-feira, 24 de abril de 2007

Seleção natural e diversidade genética


A foto representa bem a importância de se preocupar com diversidade genética entre indivíduos da mesma espécie em projetos de preservação, seja conservação ou reintrodução. São Hoffmannseggella crispilabia, no centro da foto, na porção superior, um indivíduo bem desenvolvido, com fruto madurando, que resultará em mais descendentes, passando os “melhores” genes pra frente, no canto esquerdo outro indivíduo, menos desenvolvido, sem frutos, talvez porque deu menos flores em relação ao outro, e/ou estas com cores e odores não tão atraentes para os polinizadores...
Neste caso, o fator genético parece ter sido determinante no aumento da eficiência em adquirir recursos, nutrientes, como água, íons (sais minerais) e carbono (pela fotossíntese), alguma adaptação no sistema radicular, como por exemplo, maior relação raiz/(folhas+pseudobulbos), ou maior aparato protéico e enzimático de absorção e fixação de carbono, ou até mesmo uma maior eficiência na utilização dos poucos recursos disponíveis neste ambiente?
Nota-se a planta menor mais avermelhada, portanto mais estressada, seja por deficiência de fósforo ou excesso de luz, talvez ao ponto dela não conseguir aproveitar eficientemente e transformar em maior fotossíntese. Ou tudo isto e mais um pouco.
O fato é que a natureza veio e continua selecionando organismos adaptados a viverem nos mais variados ambientes, como este de pobreza química muito grande, sobre rocha de itabirito, constituída grandemente de ferro, onde a ciclagem de nutrientes é de crucial importância para a vida destas plantas, ou seja, material orgânico sendo decomposto, mineralizado e reabsorvido.
Meu objetivo é atentar aqui quanto à necessidade de se dar mais importância a isto, enquanto que para nossas coleções selecionamos plantas oriundas de cruzamentos de algumas poucas matrizes, podemos estar gerando uma extinção genética da espécie, embora esta possivelmente só venha a ser notada com o tempo. Deve-se cumprir o papel verdadeiramente ecológico da orquidófilia, cada um de nós responsáveis por preservar, conservando a diversidade proporcionando mais genes a serem selecionados futuramente.
Estas idéias vieram depois da conversa com um amigo veterinário, professor do Departamento de Zootecnia, onde falávamos de ararinha-azul, peixe-boi marinho, mico-leão-dourado, dentre outros, os quais, infelizmente, se não for empenhada mais ciência do que simplesmente reintroduzir sem muito critério espécimes na natureza visando a preservação, poderão estar extintos mesmo existindo. Por cima, fala-se de ao menos 200 machos e 800 fêmeas de cada espécie animal.

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